Elizabeth de Portzamparc, uma das exceções no cenário mundial masculino da arquitetura à frente de projetos de grande porte, irá falar nesta quinta-feira, dia 6 de fevereiro, às 18h30, no IAB, sobre “Nova Arquitetura, Nova Visão de Mundo”. Elizabeth de Portzamparc é membro do Comitê de Honra e uma das porta-vozes do 27° Congresso Internacional de Arquitetura (UIA 2020), ligado à UNESCO, que será realizado em julho no Rio de Janeiro.
Com projetos de vanguarda como uma torre-bairro de quase 300 metros de altura em Taiwan, uma Cidade da Ciência em Zhangjiang, coração do Vale do Silício chinês, e o maior centro de documentação europeu em Ciências Humanas e Sociais, na Grande Paris, ela defende novos parâmetros para a arquitetura, de modo a que se considere a cosmovisão, existente tanto nos povos indígenas como nos orientais, de que tudo está interligado, desde os seres humanos entre si como com a natureza e o universo. Ela cita Philippe Descola que sustenta a ideia de que “a separação entre o ser humano e a natureza introduzida pelo racionalismo cartesiano, justifica, há séculos, a destruição feita pelo homem”. Para ela, a arquitetura, “assim como outras áreas criativas, como artes visuais e ciências, começa a dar sinais nítidos de começar a estar afinada com a importância de se considerar o todo, todas as inter-relações”. “Já reconhecemos claramente na física quântica, na história e na antropologia esta visão de mundo, que devemos afirmar mais na arquitetura”, enfatiza.
A entrada é gratuita, mas está sujeita à capacidade do auditório, e os interessados devem fazer inscrições prévias pelo link http://bit.ly/iabrj21
Alguns projetos de grande porte de Elizabeth de Portzamparc, vencedores de concursos internacionais:
• Musée de La Romanité, em Nîmes, cidade do sul da França – Inaugurado no dia 2 de junho de 2018
Construído para abrigar as raras coleções arqueológicas, com 25 mil peças, que cobrem um período de 25 séculos. Projeto vencedor em 2012.
• Torre Taichung Intelligence Operation Center em TAIWAN – Torre-bairro com 262 metros de altura e 89 mil metros quadrados de área total. Centro de inteligência digital com espaço para arte numérica, praças a cada quatro andares, espaços de convivência, com escritórios e moradias, restaurantes, lojas e cinemas. Em fase de detalhamento. Projeto vencedor em 2017.
• Cidade da Ciência em XANGAI, China – Em Zhangjiang, coração do chamado Vale do Silício da China, com área total de 120 mil metros quadrados, abrangendo auditório, salas de exposição, e percurso educativo dedicado ao Centro das Ciências. Projeto vencedor em 2017.
• Bairro de Atlantis Grand Ouest, em MASSY, Grande Paris – Com área de 85 mil metros quadrados, foram trabalhados três lotesneste novo centro urbano, com uma hierarquia de espaços: a Place des Trois Gares, em escala metropolitana, seguida pela Place du Grand Ouest, em escala do bairro e finalmente a Place Du Cèdre, mais íntima. Esses espaços são pontuados por edifícios- visíveis de todos os ângulos, como a “Ellipse”, situada na entrada norte, cujas formas “dançantes” convidam a penetrar e descobrir o bairro. Esses espaços e dispositivos arquiteturais favorecem os encontros e se tornam suportes e catalisadores de vida social. Projeto vencedor em 2012.
• Grande Biblioteca do Campus Condorcet, em Aubervilliers, Grande Paris – Com mais de 23 mil metros quadrados de área, este será o maior centro de documentação europeu em Ciências Humanas e Sociais, com 45 bibliotecas especializadas, espaços de logística, arquivos e reservas, um auditório, café, livraria e jardins. Projeto vencedor em 2014. Entrega prevista para 2020.
• Estação multimodal icônica Le Bourget, Grande Paris – Com 13 mil metros quadrados, será um eixo que irá conectar diferentes meios de transporte em diferentes escalas: local, regional, nacional e internacional. Projeto vencedor em 2014. Entrega prevista para 2022
SOBRE ELIZABETH DE PORTZAMPARC
Elizabeth de Portzamparc – Jardim Neves, em solteira – nasceu no Rio de Janeiro, de família mineira ligada a intelectuais e com forte tradição humanista. Em 1969, quando cursava o primeiro ano de sociologia na PUC Rio, foi para Paris, onde continuou seus estudos, em economia e sociologia, com pós-graduações em prestigiosas instituições, como seu mestrado em Antropologia e Sociologia Urbana na EHSS (École dês Hautes Étudesen Sciences Sociales – Université Paris V) e pós-graduação em urbanismo no IEDES (Institut d’Études Economiques pour Le Développement Social – Université Paris I).
Nos anos 1980, Elizabeth teve enorme destaque no design e na arquitetura de interiores, com repercussão internacional. Sua escrivaninha 24 Heures (1986) foi exposta na Fundação Cartier e por toda a Europa, nos Estados Unidos e no Japão. Para a produção desta escrivaninha, ela conseguiu uma inovação da indústria na época, que produziu lâminas mais finas de MDF (Medium Density Fiberboard) do que então se fabricava. Uma década mais tarde, em 1997, ela criou uma linha de luminárias urbanas chamada Hestia, cuja forma longilínea não era muito adaptada aos sistemas existentes. O Grupo Schreder desenvolveu então lâmpadas finas e bastante potentes que tornaram possível a realização deste projeto, presente em vários países. A luminária Moontorch, com sua forma de “cone invertido”, desenhada em 1997 para o Tramway de Bordeaux (importante projeto dela) assim como a luminária Solas e as poltronas Zache 1 e 2 (1994 e 1998), a cadeira Papillon (1997) e a mesa Assembleia (1989) foram todas bastante reconhecidas pela sua eficiência funcional, ergonomia e conforto. A maior parte dos objetos desenhados por ela foram criados dentro do contexto de seus grandes projetos de arquitetura, sendo pensados especificamente para a relação com os espaços que iriam ocupar e animar. Em 1987 ela abriu a Galeria Mostra em Paris, em que organizou exposições temáticas, convidando arquitetos, designers e artistas a criar objetos de acordo com os temas escolhidos para as exposições. Grandes nomes passaram por lá, como Bernar Venet, Arata Isosaki e Jean Nouvel, entre outros. Com os dois filhos já criados, ela passou a se dedicar fundamentalmente a projetosde grande porte, em que tem vencido importantes concursos internacionais, que têm a participação de famosos escritórios de arquitetura. Assim, ela pertence a uma elite mundial da arquitetura de grandes projetos, em que se destaca ainda por ser mulher, em um meio eminentemente masculino.
Título
A arquiteta e urbanista Elizabeth de Portzamparc fala no IAB, nesta quinta-feira, sobre “Nova Arquitetura, Nova Visão de Mundo”.Tipo
PalestraOrganizadores
Instituto dos Arquitetos do Brasil – Rio de JaneiroDe
06 de Fevereiro de 2020 06:30 PMAté
06 de Fevereiro de 2020 09:00 PMOnde
Instituto dos Arquitetos do Brasil – Rio de JaneiroEndereço